Uma Roupa que Dança
O título do post é o mesmo de uma das Palestras para Educadores da São Paulo Companhia de Dança, que faz uma ponte entre a moda e sua importância na dança. Apesar do nome dizer que ela é para educadores, qualquer pessoa que não tenha vinculo com essa área também pode participar. Por isso eu me inscrevi e estive ontem na sede da companhia para conferir.
Eu lembro que quando fiz a entrevista com a Marcela Benvegnu, cujas matérias foram publicadas aqui no blog entre 09 e 13 de setembro do ano passado, ela me falou sobre o poder transformador das atividades de formação de plateia da SPCD (que são as Palestra para Educadores, os Espetáculos para Estudantes e as Oficinas). Depois de participar dessa palestra, eu só uma coisa a declarar: Marcela, você tem toda a razão!!!!
Aliás eu não participei de uma simples palestra, foi vivência realmente transformadora! A Inês chegou nos ensinando alguns exercícios, que fizemos sentados na cadeira mesmo, com o intuito conhecer o nosso corpo através de movimentos bem simples. Depois ela começou a palestra fazendo perguntas sobre a roupa que estávamos vestindo hoje, e uma delas foi: "Quais as razões que levam uma pessoa a trocar mil vezes de roupa para decidir qual será usada?". As respostas foram variadas: pela ocasião, pelo clima, por insegurança, por insatisfação com o próprio corpo... A partir disso, a Inês começou a falar sobre a moda no cotidiano, sobre as relações culturais e sociais que temos o tempo todo com ela, e tivemos uma verdadeira aula de história, onde descobrimos que foi após o fim da Idade Média que surgiu o conceito de moda como conhecemos. Segundo ela, com o surgimento da burguesia as pessoas começaram a ter acesso e adquirir bens que antes eram exclusividade dos reis e nobres da época. Em resposta, essa nobreza, que queria manter a exclusividade, começou a inventar novas formas de se vestir. Foi aí que apareceu o prazo de validade para as roupas, e com essa dinâmica de copiar e reinventar é que surgiu a moda propriamente dita.
É nesse ponto que a dança entra na história! Nós pudemos conhecer sobre a evolução do vestuário usado na dança clássica, desde os figurinos pesados que as mulheres usavam até a liberdade que existe hoje, com o uso de roupas próximas do nosso cotidiano.
Acredito que a fala que mais marcou pra mim do vídeo que assistimos foi "não se dança sem figurino". Eu já conhecia algumas das principais etapas dessa evolução sofrida pelos figurinos ao longo tempo. Algumas coisas foram novidade, como o surgimento das malhas inteiriças (um tipo de macacão todo colado no corpo) e das transparências. Mas o que mais me chamou a atenção, e que até comentei no espaço que se abriu após a apresentação do documentário, foi sobre a moda dos ballets em preto e branco criada por Balanchine. O que sabia a respeito, e até já mencionei em matérias anteriores aqui no blog, era que a proposta dessas peças era valorizar essência da música, sem a necessidade do uso de cenários e/ou figurinos. E de acordo com as próprias palavras do coreógrafo: "Veja a música e ouça a dança". Porém o que eu realmente desconhecia é que havia uma questão monetária atrelada a isso, que fez com que essa nova forma de pensar a dança fosse criada.
Outras questões também foram abordadas durante o bate-papo, e em uma delas entrou-se na estreia do ballet "A Sílfide" pela SPCD. Diante desse contexto, eu tinha um questionamento martelando a minha cabeça há muito tempo a respeito da peça, e naquele momento surgiu a oportunidade. A minha pergunta foi a seguinte: "Eu conheço duas versões desse ballet que costumam ser encenadas nos dias atuais: a reconstrução feita por Pierre Lacotte com base na peça original de 1832, e a leitura feita por August Bournonville em 1836. Mas eu observo intrigada que é unânime que praticamente todas as companhias, até as de grande porte como Kirov e Bolshoi, optem por remontar versão do Bournonville. Porque isso acontece?".
A Inês respondeu que as companhias geralmente escolhem a montagem de 1836 pelo fato dela ter sido melhor sintetizada em relação a reconstrução de 1832. Enquanto Lacotte conta a peça em um pouco mais de 2 horas, o Bournonville conseguiu contar a mesma história na metade desse tempo, e talvez por isso as companhias optem por ela. Além disso, eu pensei em uma outra possibilidade, mas não sei se está correta: o fato dessa montagem permitir uma melhor adaptação em relação ao corpo de bailarinos que a companhia possui, tenha ela 50 ou 150 integrantes.
Sinceramente, eu achava que era por alguma questão burocrática, pois a obra faz parte do repertório fixo da Ópera de Paris, para a qual foi reconstruída, e achei que alguma coisa impedisse a remontagem dessa versão por outras companhias... Mas pasmem, o Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro já apresentou A Sílfide de Lacotte entre os anos de 1995 e 1998! Outra peça que eles também já fizeram na mesma época e raramente é montada por outras companhias ao redor do mundo foi Napoli, também do Bournonville! (A maior companhia de ballet clássico do Brasil já fez esses clássicos e aposto que a maioria aqui nem sabia disso!).
Outros dois pontos interessantes entraram nessa discussão: a questão corporal e a questão do erro.
Na primeira, falou-se um pouco sobre a mudança dos padrões corporais no ballet clássico, citando o que nós costumamos nomear como "ditadura da magreza" e que são praticamente exigidos nos dias de hoje: corpos longílineos, magros ao extremo, e com hiperextensões. Lembram-se daquela ocasião em que fiz o post "Uma Resenha sobre O Lago dos Cisnes", onde eu falei sobre a opinião de um leitor a respeito da montagem da Ópera de Viena de 1966? Uma das declarações dadas foi a seguinte: "Acho que para um papel protagônico, faltou flexibilidade para Odette/Odile". Com certeza, quem escreveu deve preferir e está mais acostumado a ver apresentações gravadas a partir dos anos de 1990, quando a chamada "perna alta" começou a ter grande destaque nos mais variados contextos. Só que o que muitos esquecem é que a dança, assim como várias outras formas de arte, estão em constante mudança! Na época em que Margot Fonteyn dançava a perna era mais baixa, os arabesques eram a 90°, e os corpos não eram tão magros como hoje, e ainda assim ela fazia plateias do mundo inteiro se emocionarem com suas performances. E assim era também com outras tantas bailarinas que atuavam mais ou menos na mesma época: Merle Park (Royal Ballet), Maya Plisetskaya (Bolshoi Ballet), Yekaterina Maximova (Bolshoi Ballet), Natalia Makarova (American Ballet Theatre e Royal Ballet), Anna Pavlova (Ballets Russes), etc... Nas redes sociais costuma circular a declaração de que se bailarinas com essas características fizessem testes para uma companhia hoje, nenhuma delas entraria. Mas se sobrepondo a isso, a Inês entrou com uma fala que eu simplesmente achei o máximo: "um corpo saudável é aquele que produz movimento". Voltando para o exemplo do Lago dos Cisnes, Margot Fonteyn tinha a perna mais baixa, mas seus movimentos tinham qualidade, então podemos concluir que não faltou nada para que ela fosse Odette/Odile com categoria! Afinal temos tipos corporais diferentes, não adianta querermos mudar a ponto de não conseguirmos mais fazer os mesmos gestos que antes eram feitos com maior qualidade. Não lute contra sua natureza, use o que você tem de bom ao seu favor. #ficaadica :)
Já a questão dos erros surgiu após uma dinâmica de grupo, onde nós dançamos uma coreografia em roda na sala. Eram passos simples, inclusive uma das sequências me trouxe na lembrança uma passagem da coreografia do baile de Romeu e Julieta, de Rudolf Nureyev. A passagem não é exatamente igual conforme eu pensava, mas os passos são praticamente os mesmos. Quem quiser conferir, clique aqui. Os passos juntos, porém, fizeram muita gente (incluindo eu) se confundir e errar. No final a Inês falou sobre o erro ser natural, que mesmo os grandes bailarinos que treinam todos os dias também erram, falham. Isso complementa o que a minha professora sempre fala em sala. Ela diz que nós mais nos culpamos pelo erro que cometemos do que ficamos felizes com as conquistas que conseguimos no decorrer das aulas, e completa que se errarmos, teremos várias chances pra tentar de novo. Sinceramente, eu já chorei solitariamente no meio de uma aula por não conseguir fazer determinados exercícios. Para me consolar, eu já até pensei numa analogia entre o ballet O Lago dos Cisnes e a história do Patinho Feio: Todo cisne um dia já foi esse patinho feio, que muitas vezes se sentiu fora do contexto. E se eu já tenho praticado em ver com outros olhos essa questão do erro, a fala da Inês se tornou mais clara pra mim depois assistir a aula da companhia.
Meu grupo deve ter ficado uns 10 ou 15 min na sala de ensaio, vendo as meninas fazerem aula (um outro grupo assistiu a aula dos meninos). Nós vimos parte das sequências de giros e saltos, e chegamos bem na parte onde elas faziam piruetas e fouttés. A proposta da Inês era que observássemos como é a movimentação dos bailarinos, que sentido isso trazia pra nós. Eu fui mais além, e observei dois aspectos não pedidos, e adivinhem qual foi um deles? Os erros! Aparentemente, as meninas deveriam girar 4 piruetas e 4 fouttés, mas nem todas conseguiam atingir o número solicitado, e mesmo assim elas continuavam como se nada tivesse acontecido.
E é bem por aí, já pensou se a Sylvie Guillem tivesse parado para chorar quando ela caiu na entrada da Princesa Aurora (1º Ato de A Bela Adormecida)?
Eu lembro que quando fiz a entrevista com a Marcela Benvegnu, cujas matérias foram publicadas aqui no blog entre 09 e 13 de setembro do ano passado, ela me falou sobre o poder transformador das atividades de formação de plateia da SPCD (que são as Palestra para Educadores, os Espetáculos para Estudantes e as Oficinas). Depois de participar dessa palestra, eu só uma coisa a declarar: Marcela, você tem toda a razão!!!!
Palestra para Educadores ontem na SPCD
Créditos: Facebook São Paulo Companhia de Dança
Créditos: Facebook São Paulo Companhia de Dança
Aliás eu não participei de uma simples palestra, foi vivência realmente transformadora! A Inês chegou nos ensinando alguns exercícios, que fizemos sentados na cadeira mesmo, com o intuito conhecer o nosso corpo através de movimentos bem simples. Depois ela começou a palestra fazendo perguntas sobre a roupa que estávamos vestindo hoje, e uma delas foi: "Quais as razões que levam uma pessoa a trocar mil vezes de roupa para decidir qual será usada?". As respostas foram variadas: pela ocasião, pelo clima, por insegurança, por insatisfação com o próprio corpo... A partir disso, a Inês começou a falar sobre a moda no cotidiano, sobre as relações culturais e sociais que temos o tempo todo com ela, e tivemos uma verdadeira aula de história, onde descobrimos que foi após o fim da Idade Média que surgiu o conceito de moda como conhecemos. Segundo ela, com o surgimento da burguesia as pessoas começaram a ter acesso e adquirir bens que antes eram exclusividade dos reis e nobres da época. Em resposta, essa nobreza, que queria manter a exclusividade, começou a inventar novas formas de se vestir. Foi aí que apareceu o prazo de validade para as roupas, e com essa dinâmica de copiar e reinventar é que surgiu a moda propriamente dita.
É nesse ponto que a dança entra na história! Nós pudemos conhecer sobre a evolução do vestuário usado na dança clássica, desde os figurinos pesados que as mulheres usavam até a liberdade que existe hoje, com o uso de roupas próximas do nosso cotidiano.
Acredito que a fala que mais marcou pra mim do vídeo que assistimos foi "não se dança sem figurino". Eu já conhecia algumas das principais etapas dessa evolução sofrida pelos figurinos ao longo tempo. Algumas coisas foram novidade, como o surgimento das malhas inteiriças (um tipo de macacão todo colado no corpo) e das transparências. Mas o que mais me chamou a atenção, e que até comentei no espaço que se abriu após a apresentação do documentário, foi sobre a moda dos ballets em preto e branco criada por Balanchine. O que sabia a respeito, e até já mencionei em matérias anteriores aqui no blog, era que a proposta dessas peças era valorizar essência da música, sem a necessidade do uso de cenários e/ou figurinos. E de acordo com as próprias palavras do coreógrafo: "Veja a música e ouça a dança". Porém o que eu realmente desconhecia é que havia uma questão monetária atrelada a isso, que fez com que essa nova forma de pensar a dança fosse criada.
Agon - New York City Ballet, 1993
Trecho do VHS The Balanchine Celebration, Parte II
A Inês respondeu que as companhias geralmente escolhem a montagem de 1836 pelo fato dela ter sido melhor sintetizada em relação a reconstrução de 1832. Enquanto Lacotte conta a peça em um pouco mais de 2 horas, o Bournonville conseguiu contar a mesma história na metade desse tempo, e talvez por isso as companhias optem por ela. Além disso, eu pensei em uma outra possibilidade, mas não sei se está correta: o fato dessa montagem permitir uma melhor adaptação em relação ao corpo de bailarinos que a companhia possui, tenha ela 50 ou 150 integrantes.
Sinceramente, eu achava que era por alguma questão burocrática, pois a obra faz parte do repertório fixo da Ópera de Paris, para a qual foi reconstruída, e achei que alguma coisa impedisse a remontagem dessa versão por outras companhias... Mas pasmem, o Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro já apresentou A Sílfide de Lacotte entre os anos de 1995 e 1998! Outra peça que eles também já fizeram na mesma época e raramente é montada por outras companhias ao redor do mundo foi Napoli, também do Bournonville! (A maior companhia de ballet clássico do Brasil já fez esses clássicos e aposto que a maioria aqui nem sabia disso!).
Outros dois pontos interessantes entraram nessa discussão: a questão corporal e a questão do erro.
Na primeira, falou-se um pouco sobre a mudança dos padrões corporais no ballet clássico, citando o que nós costumamos nomear como "ditadura da magreza" e que são praticamente exigidos nos dias de hoje: corpos longílineos, magros ao extremo, e com hiperextensões. Lembram-se daquela ocasião em que fiz o post "Uma Resenha sobre O Lago dos Cisnes", onde eu falei sobre a opinião de um leitor a respeito da montagem da Ópera de Viena de 1966? Uma das declarações dadas foi a seguinte: "Acho que para um papel protagônico, faltou flexibilidade para Odette/Odile". Com certeza, quem escreveu deve preferir e está mais acostumado a ver apresentações gravadas a partir dos anos de 1990, quando a chamada "perna alta" começou a ter grande destaque nos mais variados contextos. Só que o que muitos esquecem é que a dança, assim como várias outras formas de arte, estão em constante mudança! Na época em que Margot Fonteyn dançava a perna era mais baixa, os arabesques eram a 90°, e os corpos não eram tão magros como hoje, e ainda assim ela fazia plateias do mundo inteiro se emocionarem com suas performances. E assim era também com outras tantas bailarinas que atuavam mais ou menos na mesma época: Merle Park (Royal Ballet), Maya Plisetskaya (Bolshoi Ballet), Yekaterina Maximova (Bolshoi Ballet), Natalia Makarova (American Ballet Theatre e Royal Ballet), Anna Pavlova (Ballets Russes), etc... Nas redes sociais costuma circular a declaração de que se bailarinas com essas características fizessem testes para uma companhia hoje, nenhuma delas entraria. Mas se sobrepondo a isso, a Inês entrou com uma fala que eu simplesmente achei o máximo: "um corpo saudável é aquele que produz movimento". Voltando para o exemplo do Lago dos Cisnes, Margot Fonteyn tinha a perna mais baixa, mas seus movimentos tinham qualidade, então podemos concluir que não faltou nada para que ela fosse Odette/Odile com categoria! Afinal temos tipos corporais diferentes, não adianta querermos mudar a ponto de não conseguirmos mais fazer os mesmos gestos que antes eram feitos com maior qualidade. Não lute contra sua natureza, use o que você tem de bom ao seu favor. #ficaadica :)
Já a questão dos erros surgiu após uma dinâmica de grupo, onde nós dançamos uma coreografia em roda na sala. Eram passos simples, inclusive uma das sequências me trouxe na lembrança uma passagem da coreografia do baile de Romeu e Julieta, de Rudolf Nureyev. A passagem não é exatamente igual conforme eu pensava, mas os passos são praticamente os mesmos. Quem quiser conferir, clique aqui. Os passos juntos, porém, fizeram muita gente (incluindo eu) se confundir e errar. No final a Inês falou sobre o erro ser natural, que mesmo os grandes bailarinos que treinam todos os dias também erram, falham. Isso complementa o que a minha professora sempre fala em sala. Ela diz que nós mais nos culpamos pelo erro que cometemos do que ficamos felizes com as conquistas que conseguimos no decorrer das aulas, e completa que se errarmos, teremos várias chances pra tentar de novo. Sinceramente, eu já chorei solitariamente no meio de uma aula por não conseguir fazer determinados exercícios. Para me consolar, eu já até pensei numa analogia entre o ballet O Lago dos Cisnes e a história do Patinho Feio: Todo cisne um dia já foi esse patinho feio, que muitas vezes se sentiu fora do contexto. E se eu já tenho praticado em ver com outros olhos essa questão do erro, a fala da Inês se tornou mais clara pra mim depois assistir a aula da companhia.
Meu grupo deve ter ficado uns 10 ou 15 min na sala de ensaio, vendo as meninas fazerem aula (um outro grupo assistiu a aula dos meninos). Nós vimos parte das sequências de giros e saltos, e chegamos bem na parte onde elas faziam piruetas e fouttés. A proposta da Inês era que observássemos como é a movimentação dos bailarinos, que sentido isso trazia pra nós. Eu fui mais além, e observei dois aspectos não pedidos, e adivinhem qual foi um deles? Os erros! Aparentemente, as meninas deveriam girar 4 piruetas e 4 fouttés, mas nem todas conseguiam atingir o número solicitado, e mesmo assim elas continuavam como se nada tivesse acontecido.
E é bem por aí, já pensou se a Sylvie Guillem tivesse parado para chorar quando ela caiu na entrada da Princesa Aurora (1º Ato de A Bela Adormecida)?
Sylve Guillem como Princesa Aurora
A Bela Adormecida - 1º Ato
Outro aspecto que eu observei foi a moda na sala de aula, que também foi abordado no documentário. Cada uma das bailarinas tem a sua personalidade, e isso se reflete através das roupas de aula: uma delas estava de collant, meia-calça, sapatilha e saia até o joelho, alguma usavam meias coloridas e cortadas, outras saias mais curtas, outras shortinho, outras blusinha e malha... tinha uma delas que parecia estar descalça, de tão homogênea que ficou a cor da sapatilha no pé dela! Enfim, cada uma se expressando de um jeito diferente... A realidade de uma escola regular já é outra: todos tem que usar collant, meia-calça, sapatilha e malha (para os meninos) de acordo com um padrão, afim de estabelecer uma disciplina. Coque? Indispensável!!!
Resumindo: Nós agimos conforme estamos vestidos, reiterando assim a ideia das relações sociais colocada pela Inês.
Outra observação que eu sempre faço numa aula de ballet é o uso das músicas dos repertórios na aulas, e lá não seria diferente, afinal a minha relação com a dança começou por causa da música! E eu fiz questão de anotar todas tocaram:
O Lago dos Cisnes: Início do Pas de Deux do Cisne Negro
Paquita: Início do Grand Pas Classique
Don Quixote: Variação da Rainha das Dríades
La Bayadère: Variação de Nikiya (Reino das Sombras, 2º Ato)
Paquita: Coda do Pas de Trois
La Bayadère: Solo de uma das Sombras, mas agora não lembro se era a primeira ou a segunda
A Bela Adormecida: Valsa do 1º Ato
Quando voltamos para o bate-papo final, várias questões interessantes, não somente sobre o tema da palestra, foram levantadas. Além de não lembrar tudo, essa matéria ficaria bem maior do que já está, por isso vou fazer dois apontamentos que eu já coloquei várias vezes aqui no blog, mas é sempre legal dar um lembrete.
Primeiro: nenhuma montagem de nenhum espetáculo é igual ao outro! Muitas pessoas pensam assim: Pra que eu vou assistir várias vezes o mesmo ballet se é tudo igual? Para responder isso, a Inês e uma outra bailarina fizeram a demonstração um port de bras. O gesto era o mesmo para as duas, mas cada uma tinha seu próprio jeito de fazê-lo, a sua personalidade e a sua interpretação. Ou seja, todas as apresentações são iguais? NÃO!
Além do exemplo da Margot Fonteyn já citado e do que foi demonstrado pela Inês, eu proponho um desafio. Certamente, todos aqui já assistiram La Fille Mal Gardée de Frederick Ashton, certo? Vocês já assistiram todas versões existentes (3 em DVD e 1 exibida no cinema)? Não? Então assistam, anotem o que vocês verem de diferente e depois venham compartilhar com a gente!
É aquela velha história: visualmente parece igual, mas só visualmente, pois cada bailarino tem a sua personalidade e o seu jeito próprio de viver a dança!
Segundo: Essa aqui é a que me faz ter certeza do amor que tenho pela dança. Ela disse: eu danço todos os dias, de várias maneiras! Afinal não é apenas quando estamos na sala de aula que nós dançamos. Aqui no blog, além de dançar com as palavras, com os vídeos, com as histórias, eu acabo criando em todos uma forma de envolvimento com a dança, e isso é o que a SPCD chama de formação de plateia.
Eu poderia ficar aqui, falando horas e horas sobre essa palestra, até porque é um assunto apaixonante! Mas você só sente verdadeiramente o seu poder participando de uma delas... As atividades da SPCD são gratuitas, e pra ficar sabendo quando serão as próximas é só ficar de olho no site e no face da companhia. Vale muito à pena!!!
E eu vou ficando por aqui...
Até a próxima!
Comentários
Postar um comentário