O Pas de Deux de Clara e O Quebra-Nozes
Todos aqui sabem do meu amor pelas obras de Tchaikovsky, em especial O Quebra-Nozes, que ganhou meu coração e me trouxe para o mundo do ballet. Essa peça é o meu norte na dança e por incrível que pareça, tudo pra mim começou com ela: foi o primeiro ballet que assisti, que dancei, e no primeiro espetáculo que assisti ao vivo, o grand pas de deux abriu o programa da noite. Já contei isso diversas vezes, acho que vocês devem até estar cansados de me ver falando sobre isso...
Eu também já contei nesse post o quanto eu fiquei decepcionada pelo fato de uma das músicas do ballet ter sido trocada por uma música pop na montagem que participei. Na época, eu achava que era da Mariah Carey, esses dias descobri que era da Christina Aguilera. A música é linda, o que aconteceu eu não posso mudar. Mas o que não entra na minha cabeça é a desculpa esfarrapada que deram para a troca da música. E se tem algo que me guia na dança é a música, como eu contei nesse outro post. Justamente por ter essa base, eu fico tão brava quando eu vejo atitudes assim...
Se a proposta da montagem fosse uma readaptação que inserisse outras modalidades, como foi feito em anos posteriores, eu até entenderia. Mas desde o começo a intenção era fazer só com as turmas de ballet clássico! Poderia ter sido feita uma pesquisa para colocar outra música clássica no lugar, só que não... Porque consideraram a música original lenta e chata e quiseram fazer algo mais romântico, colocaram qualquer música. "Ah, mas é montagem de escola!". Mas se você quer dar a seus alunos a experiência de participar de um ballet de repertório, a escolha poderia sim ter sido mais cuidadosa. Querem um exemplo? Na mesma montagem, substituíram o tema original da música da batalha. No lugar, colocaram o trecho final da Marcha Eslava, outra composição de Tchaikovsky. A coreografia tinha crianças interpretando os ratinhos e os soldadinhos. Pensa como ficou bonito? E logo em seguida, vem o pas de deux com a música da Christina Aguilera...
Nada contra a Christina, adoro as músicas dela, mas vamos por cada coisa no seu lugar?
Essa semana, conversando com um leitor aqui do blog, eu resolvi fazer algo que há tempos já desejava fazer: uma montagem da coreografia com a música original. Usei como base a gravação usada na versão do Petit Ballet, que foi uma das referências da remontagem que participei. Eu fiquei impressionada com o resultado, parece até que a coreografia tinha sido criada pra música que foi cortada.
Como eu falei, nada do que eu disser vai mudar o que passou. Apesar dos pesares, foi divertido, foi meu primeiro espetáculo e isso não tem preço no mundo que pague! Desejo ainda poder dançar esse repertório com cada música no seu devido lugar. Eu nunca vou ser uma bailarina de companhia, mas quem sabe eu ainda possa ter esse prazer. Porque eu vou dizer: assistir essa coreografia com a música original e imaginar que poderia ter sido assim me dá um afago que vocês nem podem imaginar...
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