O Primeiro "O Quebra-Nozes" a gente nunca esquece...

Todo mundo que acessa esse blog está careca de saber que meu início no ballet se deu com O Quebra-Nozes. Essa peça é simplesmente o meu norte, meu ponto de partida, e já virou tradição aqui em casa assistir a alguma versão na noite da véspera de Natal. E o primeiro que assisti foi no natal de 2004, através da TV Cultura, e pra mim foi muito marcante... Lembro como se fosse ontem: eu na casa da minha avó, todo mundo já recolhido depois do brinde da meia-noite, e eu na sala assistindo o ballet na madrugada do dia 25 de dezembro. A apresentação em questão foi gravada no Theatro Municipal de SP e até pouco tempo atrás eu jurava que era com a companhia do próprio teatro. Eu cheguei a entrar em contato com eles, mas não encontraram nada relativo a um Quebra-Nozes de 2004. 

Depois de muito investigar (jornalismo na veia que fala?), consegui descobri o paradeiro dessa versão através de um amigo que estudou na escola do teatro e chegou a fazer parte do corpo de baile jovem. Segundo todas as informações que passei, chegamos à conclusão de que a versão que tinha assistido era com a Cisne Negro Cia de Dança, que nos anos 90 costumava fazer suas apresentações no Municipal de SP. E é muito engraçado que, conforme fui conversando com ele, lembranças foram vindo na minha memória e eu realmente constatei que era isso mesmo. Tanto que sempre me lembrava de ter assistido O Quebra-Nozes na Cultura por três natais consecutivos: 2004, 2005 e 2006, sendo que a versão de 2005 já era gravada no Teatro Alfa e eu lembro de ter achado a versão diferente do ano anterior.

Agora sabendo qual era a montagem, fica mais fácil conseguir... certo? Errado! Eu já havia entrado em contato com a TV Cultura, quando eu ainda achava que a gravação era com o ballet do próprio Municipal de SP. Pra conseguir a gravação por lá é uma burocracia danada... Tem que preencher formulário, assinar contrato indicando pra que você quer usar a gravação, e não pode sair da linha. A solicitação acabou sendo pra uso doméstico, e sendo assim eu não posso publicar nem 5 segundos no Instagram, caso contrário haveria quebra de contrato e eu poderia me lascar, pra falar o português claro. Além disso, o custo pra essa modalidade é de 550 reais por hora de vídeo a ser disponibilizado na modalidade uso doméstico. É caro? É. É justo? Também é. Tenho esse dinheiro sobrando pra fazer isso sem pensar duas vezes? Nesse momento, infelizmente não!

Quando recebi o e-mail com essas informações eu ainda estava investigando... E quando cheguei a conclusão que tinha feito o pedido errado na TV Cultura, escrevi um e-mail de volta contando minha descoberta, disse que naquele momento deixaria o pedido em stand by (por razões óbvias) e tentei ir por outro caminho. Há 10 anos participei de uma coletiva de imprensa do Quebra-Nozes na Cisne Negro. Além de ir pelo blog, também representei o site Agenda de Dança. Eu tinha o contato da pessoa com quem conversei na época e relatei a minha história, como eu queria rever essa montagem, especificando bem o uso dela para estudo e pesquisa, e recebi um retorno pra falar com a diretora. Novamente, contei toda minha história, falei inclusive dos cursos e da minha plataforma. Ela retornou: "mas o que você realmente quer?". Eu havia falado no e-mail: "gostaria de saber se vocês têm uma cópia da gravação realizada no Theatro Municipal feita em 97 ou 98 e se vocês poderiam ceder uma cópia com intuito de estudo e pesquisa" e ela não entendeu isso? Eu respondi sendo direta e repetindo o meu pedido. O retorno foi: "como se trata de uma gravação antiga feita pela TV Cultura, você tem que entrar em contato com eles."

Confesso que fiquei um pouco sem graça com a negativa e penso que isso vai além... Lembram do caso dos vídeos do Grupo Corpo que solicitaram a retirada do blog? Lógico que eu tinha que tirar e sinceramente? Não quero ver nada dessa companhia nem pintado de ouro, quero esquecer que aqueles vídeos existem... O fato é que o mundo é pequeno, e todo mundo da dança meio que se conhece. Pode ser que em algum momento, a diretora do Corpo tenha comentado o episódio com a diretora da Cisne Negro. Aí aparece eu, alguns anos depois do ocorrido, e pede logo uma cópia de um espetáculo, que nem intenção de trazer pro blog eu tinha (embora a tentação de compartilhar seria grande, mas não faria por respeito a quem atendesse o meu pedido). Com todo esse contexto, é óbvio que eu teria não como resposta!

É só uma conjectura, não tenho certeza de nada, mas uma coisa é certa: posso ter carinha de princesa, mas bobo é quem pensa que eu sou boba!

Nesse momento, estou só o meme do Titanic: "essa gravação existe apenas na minha memória". Se eu fosse rica, faria um pedido pra TV Cultura não apenas pra uso doméstico, mas para licenciar mesmo, para que todos pudessem assistir! Mas infelizmente essa não é a minha realidade no momento...

A única coisa que posso concluir é que vou continuar na vontade de rever esse Quebra-Nozes... A menos que alguém que acompanha esse blog tenha conseguido gravar e possa fazer a gentileza de compartilhar uma cópia comigo! Eu estou há praticamente 15 anos fazendo a alegria de todos através desse blog, o que pra mim é uma satisfação... Por que não retribuir e também fazer a alegria dessa bailarina que vos escreve? 

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